
Shinichiro Watanabe é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes realizadores de animês dessa geração. Ele é o diretor e o nome por trás de obras não menos que excelentes, como Cowboy Bebop, Samurai Champloo, Macross Plus, Space Dandy, Carole e Tuesday, Terror in Resonance, além de ter contribuído criativamente com outras animações também sensacionais, como Animatrix, Lupin the Third, Michiko & Hatchin, Ergo Proxy, Death Parade e Sonny Boy.
Não à toa, as expectativas para uma nova série dele, a primeira em que encabeçaria a direção em seis anos, eram bem altas. Mas passados os cinco episódios antecipados aqui para o site via screener pela Adult Swim, a impressão que dá é que Lazarus simplesmente não acontece.
Passada no mesmo universo de outras séries do autor, mas no ano de 2052, Lazarus conta a história do que pode ser o fim da humanidade. O mundo vive uma era de paz e prosperidade sem precedentes. Isso ocorre porque um cientista, Dr. Skinner, desenvolveu um remédio que serve para todos os males, a Hapuna. Ele cura de dores a tristezas profundas, e supostamente não tem qualquer efeito colateral. Rapidamente, ele é assimilado pela sociedade, com pessoas os consumindo tanto para a cura de dores, quanto como uma espécie de droga legalizada em busca de felicidade. Após a introdução do medicamento no mercado, Dr. Skinner desaparece do mapa.
Três anos se passam e uma mensagem em vídeo dele é lançada. Nela, o cientista diz que, na verdade, há sim um efeito colateral na droga: aqueles que a tomam morrerão em três anos após sua primeira ingestão. E para que ele entregue a cura, alguém precisará encontrá-lo, seja lá onde ele estiver escondido, em menos de 30 dias. Para isso, é formada uma força-tarefa especial de 5 agentes extremamente talentosos em suas especialidades, mas que têm algum problema com a justiça. Essa equipe se chama “Lazarus”.
Imagem: Reprodução/Adult Swim/Max
Na parte estética, Lazarus é deslumbrante. O desenho é lindo, com os designs dos personagens dando a eles bastante personalidade, sendo diferenciados e criativos, com os cenários bem detalhados, uma fotografia impactante e luxuosa, como se fosse uma animação para cinema e não para TV. As cenas de ação foram desenvolvidas pelo diretor Chad Stahelski, de John Wick, e são de tirar o fôlego. A trilha sonora é estupenda, nota-se que o Watanabe segue amando jazz, rock, hip hop e bossa nova. Tudo é lindíssimo de assistir e ouvir.
Mas chega uma hora em que é impossível não questionar quando que a história vai começar a andar.
No primeiro episódio, acompanhamos um dos protagonistas, o brasileiro Axel Gilberto (o nome é por causa do músico João Gilberto), escapando da prisão e da polícia pela cidade. É fantástico, as cenas são impressionantes. No segundo, vemos eles procurando pelo Dr. Skinner num bunker, mas não sem sucesso. No terceiro, a busca por pistas começa numa comunidade de moradores de rua, passa pela casa do cientista, e depois vai para a Turquia. No quarto, eles invadem uma festa. No quinto, o apartamento do engravatado da empresa farmacêutica que liberou o remédio, armando depois um plano para chamar atenção do Skinner.
Imagem: Reprodução/Adult Swim/Max
Em todos esses, há cenas espetaculares de ação. O quarto, em especial, que irá ao ar aqui no Brasil já pela Max no próximo domingo (27) e no Adult Swim na segunda-feira (28), é o mais intenso em todos. Ele me soa como uma homenagem a filmes de espião. Não entrarei em detalhes para poupar os spoilers, mas há uma sequência envolvendo mulheres sendo dopadas numa festa e uma delas arremessando quem fez isso de um lugar a outro que é deliciosa.
Só que a impressão que fica é que, pelo menos nesse início, a preocupação maior está em mostrar o quanto o animê pode ser bonito, com uma trilha sonora contagiante, e recheado de sequências de ação criativas, do que contar uma história de verdade. Porque é tipo observar um cachorro correndo atrás do rabo: a tal equipe Lazarus, com integrantes extremamente talentosos, sai de lugar nenhum para lugar algum enquanto coisas bonitas acontecem em tela.
Ao todo, Lazarus terá 13 episódios. Talvez, a partir do sexto, a história comece a andar de verdade. Porque a premissa de uma equipe de misfits mais capacitados que todo mundo precisando se juntar para encontrar alguém que tem a cura pra salvar a raça humana num espaço de tempo bem limitado é interessante. Só que esse roteiro precisa já, pelo menos, apontar que algo irá acontecer, ou vai começar a ficar chato demais pra acompanhar.
Lazarus é um animê dos estúdios MAPPA e Sola Entertainment, com direção de Shinichiro Watanabe, e roteiro dele junto com Dai Sato, Takahiro Ozawa e Tsukasa Kondo. A trilha sonora é assinada pelo jazzista californiano Kamasi Washington e pelos DJs ingleses Bonobo e Floating Points. A distribuição dele é feita internacionalmente pela Warner através da Max e do canal Adult Swim, que enviou os cinco primeiros episódios ao JBox no mês passado.
Se interessou por esse texto e gostaria de encomendar algum trabalho? Entre em contato por e-mail, igorlunei@gmail.com, ou faça uma doação através dele, que também é uma chave PIX. Considere também apoiar o JBox financeiramente através de nossa página no Apoia.se. Esse é um projeto totalmente independente, e sua ajuda será bem-vinda!
O texto presente é de responsabilidade de seu autor e não reflete necessariamente a opinião do site.
Siga e acompanhe as notícias do JBox também pelo Google News e em nosso grupo no Telegram.
from Anime – JBox https://ift.tt/3myq52r
via CineLive365
0 comentários:
Post a Comment