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Os 30 anos de ‘Solbrain’ no Brasil

Neste dia 12 de junho completam-se 30 anos da estreia da Super Equipe de Resgate Solbrain (1991) na Rede Manchete. A série trouxe consigo a volta da famigerada Sessão Super Heróis, um dos hits da virada da década de 1980 para 1990 na emissora carioca. Sequência direta do Esquadrão Especial Winspector, algumas semanas depois a série ganharia a companhia mais uma continuação: Kamen Rider Black RX (1988), sucessora de Black Kamen Rider (1987).

Solbrain aportou em terras brasileiras no rastro do sucesso de Winspector, que tinha estreado em julho de 1994, época de bonança para o país após toda a amargura do começo daquela década. A outra equipe comandada pelo chefe Shunsuke Masaki foi uma das grandes apostas da distribuidora Tikara Filmes, em parceria com a fabricante de brinquedos Glasslite, para aquele ano.


Lições

A série tinha como mote “salvar a vida e os corações perdidos dos homens”, um gancho para mostrar que a sociedade, embora criminalizada, ainda tinha espaço para ser regenerada, sempre com uma mensagem de otimismo e esperança em meio à tanta tristeza. Estrelada pelos protagonistas Daiki Nishio, o Solbraver, e sua parceira Leiko Higuchi, Soljayne, a super equipe também tinha o robô de resgate Soldozer, uma verdadeira “patrola” que servia também como um dos alívios cômicos da série junto com seu “cuidador” e criador, Kamekichi Togawa

Também trazia como destaque o detetive Jun Masuda, o mais novo da equipe, e que era responsável por boa parte da carga dramática dos episódios, com as lições de moral que recebia sendo as que mais cativaram e emocionaram o público.

Vale lembrar que a trama dos episódios era bastante densa para a época, mostrando embates sociais e diversos dilemas morais, tudo recheado com muita ação e um punhado de violência que poucas vezes tínhamos visto em uma série tokusatsu até então, como o episódio em que o ex-namorado de Leiko é executado à sangue frio em frente de sua amada com diversos tiros à queima-roupa.

Os suntuosos veículos de resgate, como o Solid Saver-1, mostravam o aspecto de grandiosidade da produção. Muitas vezes (para não dizer quase sempre…) o clímax do episódio ocorria durante um incêndio em que medidas extremas eram necessárias. Para isso, a equipe do veículo, comandada por Takashi Yazawa, estava sempre a postos para a ação. Os protagonistas também tinham seus próprios veículos, como o Sol-Líder (Sol Gallop, no original), o Toyota Sera tunado de Daiki; e o Sol-Blaster de Leiko, um Toyota Previa modificado para trazer equipamentos. 

Outro destaque positivo da série é a trilha sonora. As canções vibrantes de Takayuki Miyauchi embalavam as aventuras da turma, ideal para as cenas de ação e aventura. No Brasil, a abertura e o encerramento foram cantados por Luigi Carneiro, vocalista do projeto YUYU20 — na época, ele assinava como Luis Henrique. As versões brasileiras de Solbrain foram tão marcantes para os fãs que a banda acabou fazendo recentemente também uma versão nacional para o tema de Winspector, que na época foi exibida apenas na versão original de Miyauchi.

 

Crossover esperado

foto reunindo Winspector e Solbrain

Imagem: Reprodução/Toei Company

Crossovers não são novidade para a Toei Company, ainda mais se tratando de Metal Heroes. Na saga dos Uchuu Keiji (1984-1985), tivemos Sharivan aparecendo na série de Gavan (1982) nos capítulos finais; o então promovido Capitão Gavan aparecendo regularmente na série Sharivan (1983), inclusive na batalha final; e mesmo em flashback, a aparição de Gavan e Sharivan em Shaider (1984), até o famigerado episódio 49 que fecha a série com a emblemática transformação tripla nas escadarias de Shinjuku.

Como Winspector inaugurou uma nova linhagem de heróis, apelidada de Rescue Heroes, uma nova trilogia foi criada — e se encerrou em Exceedraft (1992). Solbrain era a continuação direta do Winspector, desmantelado depois que seus integrantes foram trabalhar no ICPO, em Paris. Quem herdou todo o aparato tecnológico e o serviço de inteligência foi o Solbrain. Mas o vínculo com o Winspector não se encerrou. Para a alegria do público, em uma missão conjunta no meio da série, Winspector volta da Europa e se une ao Solbrain contra o vilão Messiah.

Melhor ainda: pouco tempo depois, Lyuma Ogawa, o ex-comandante Fire, vira membro fixo do Solbrain, com um novo e moderno traje: Knight Fire. Para isso, ele agora tem um novo veículo de combate, abandonando o Winsquad, seu antigo carro: é o Knight Custom, um Mazda-RX7 equipado para sua nova transformação.



Impacto

foto de Solbraver e Knight Fire

Imagem: Reprodução/Toei Company

Solbrain foi uma série com produção e visual muito caprichado por parte da Toei, que paralelamente produzia Jetman com recursos um tanto inferiores. As duas séries foram um grande sucesso e deram sobrevida às suas duas franquias, provando que o ano de 1991 foi um bálsamo para o gênero, que também teve a boa série cômica Thutmose e o ótimo filme Godzilla vs. King Ghidorah, exibido no Brasil pelo SBT e lançado em VHS.

Transmitida no Brasil numa época que os conteúdos japoneses voltaram a ter destaque depois de algum tempo em estado letárgico, Solbrain também figurou no programa JapAction nos finais da tarde da Manchete em 1996, fazendo parceria com National Kid nas sextas-feiras. Uma parceria um tanto insólita, para dizer o mínimo – o que havia de mais arcaico e de mais moderno, juntos. Flutuou na programação da emissora carioca até meados de 1997, nunca mais sendo reprisada por nenhum outro canal ou streaming.

Ainda foi lançada em VHS no sistema Sell-Thru (venda direta), com apenas 1 mísero episódio por VHS. Foram ao todo dez fitas, com tiragem tão baixa que foram poucos os locais no Brasil que tiveram acesso a elas.

Se aproveitando da boa onda do Japão nas lojas de brinquedos, que trouxe sucessos de venda como o próprio Winspector, além dos brinquedos licenciados pela Samtoy (bonecos dos Cavaleiros do Zodíaco e Power Rangers, da Bandai), a Glasslite conseguiu emplacar uma boa cobertura na então imprensa especializada, como a revista Herói, além de uma ampla gama de anúncios de seus brinquedos.

páginas com propagandas de brinquedos de Solbrain

Imagem: Reprodução

Com dublagem realizada na Mastersound, a série manteve boa parte do elenco de vozes de Winspector, como Daoiz Cabezudo (Masaaki), Afonso Amajones (Daiki; em Winspector, foi Highter), Letícia Quinto (Leiko; em Winspector, Yuko, irmã de Lyuma) e Emerson Camargo (narrador e diretor de dublagem de ambas as séries; Cross em Solbrain; em Winspector, Maddoxx).

Também contou com a participação de Paulo Porto (Jun), Arakén Saldanha (Soldozer), Tatá Guarnieri, fazendo quase todos os vilões esporádicos; e Tânia Gaidarji, famosa pelo episódio do fantasma nazista — ainda bem que ninguém da família Bloch assistiu esse episódio pra tirar a série do ar, não é mesmo?

Lembrada com carinho por muitos que a acompanharam, Solbrain ainda ressoa entre os fãs de tokusatsu. Ano passado, a vinda do ator Kouchi Nakayama (Solbraver) ao Anime Friends, junto com seu parceiro Masaru Yamashita (Fire/Knight Fire) causou furor no fandom, que fez fila para ver seus heróis de perto.

Solbrain foi uma série com design arrojado, bom elenco, excelentes roteiros e com produção acima da média para os padrões da Toei. Merece ser revisitada por quem por ventura torcia o nariz por não ter a lógica de ‘monstro da semana’ ou ser focada apenas na criminalidade urbana de Tóquio em vez de invasões espaciais. É melhor que muita série idolatrada por aí. Pena que até hoje ninguém se coçou para colocar oficialmente em streaming. 


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